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Médicos de Patos denunciam que respiradores adquiridos pelo Estado para pacientes com Covid-19 ficarão todos em Campina e João Pessoa

Médicos que atendem no Complexo Hospitalar Deputado Janduhy Carneiro de Patos procuraram a reportagem para denunciar o que eles consideram descaso do Estado com os sertanejos. É que os 15 respiradores pulmonares entregues à rede de saúde pública, no Estado, que está se preparando para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, foram todos destinados a hospitais dos municípios de João Pessoa e Campina Grande e ao Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), deixando o Sertão totalmente descoberto.

Os equipamentos, avaliados em R$ 825 mil, foram obtidos com recursos oriundos da Operação Calvário, deflagrada em dezembro de 2018, através de órgãos integrantes do Sistema de Justiça que descapitalizaram organizações criminosas na Paraíba. A ação é fruto dos esforços investigativos da força-tarefa e de decisões do Poder Judiciário.

Os médicos disseram que o Estado alegou que não vai destinar equipamentos para Patos porque o Complexo não possui profissionais suficientes para atender as ocorrências graves da Covid-19. “Essa alegação não condiz com a realidade já que a secretaria está convocando profissionais de todas as áreas e que podem ser recambiados para Patos também”, disse um médico que pediu para não ser identificado.

O Complexo Hospitalar Regional vem se adequando às normas e orientações das organizações de saúde sobre como proceder durante a pandemia do Covid-19. Para tanto, destinou uma área verde exclusiva para o atendimento aos sintomáticos respiratórios, de maneira que aqueles pacientes que procurem a unidade com outros sintomas que não problemas respiratórios sejam atendidos separadamente, evitado assim a infecção cruzada e contágio dos possíveis casos suspeitos de Covid-19 com outras patologias. A unidade também fez o bloqueio de duas enfermarias, com 12 leitos de clínica médica.
No entanto, o médico falou que de pouco vai adiantar todo esse esforço se o Hospital só vai ter condições de atender casos mais simples da doença. “Seria muito melhor evitarmos gastos com trânsito de pacientes em ambulâncias para Campina e João Pessoa que chegará um momento em que não terá mais capacidade de recepção destes por conta da superlotação”, ressaltou o profissional.

Os casos suspeitos ao chegar na unidade, explica a diretora geral do Complexo, Liliane Sena, passam por uma classificação de risco e são direcionados, caso a caso, para o isolamento domiciliar, ou para a observação ou internação. “O médico ao examinar o paciente decidirá a conduta. Nos casos de sintomas de alarme que sejam indicativo de Covid-19, atualmente, nós estamos direcionando ao hospital de referência, em João Pessoa, que é o Clementino Fraga, mas já estamos nos preparando para atender essa demanda também”, observou.

Outro médico, no entanto, disse a reportagem que isto está gerando uma aflição muito grande na categoria, visto que, o Complexo não terá como dar uma resposta mais satisfatória colocando em risco total àqueles que por ventura estejam num estágio mais avançado da doença precisando de mais cuidados. “Estamos prontos para ajudar, mas dessa forma fica difícil, pois não termos aparato para tanto. Infelizmente o quadro não é animador”, considera ele.

O governador João Azevêdo anunciou, neste sábado (21), a implantação de mais 300 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para atender demandas de atendimento para o coronavírus, representando um investimento de R$ 30 milhões. De acordo com o gestor, a medida vai reforçar a rede hospitalar, que já reservou 270 leitos de enfermaria e 90 leitos de UTIs, anunciados no Plano de Contingenciamento.

No entanto, na mesma semana, o prefeito de Taperoá, Junior de Preto, denunciou que alguns aparelhos e equipamentos de leitos do Hospital de Taperoá foram levados para hospitais de campanha contra o combate ao Covid-19 (novo coronavírus).

O prefeito em exercício de Taperoá, Júnior de Preto, revoltado por não ter recebido qualquer explicação, colocou o seu veículo na frente do portão da garagem do hospital, para impossibilitar a saída do caminhão que está carregado com os aparelhos. Estão querendo montar uma rede de combate ao vírus desestruturando outros hospitais.

Na próxima segunda-feira (23), estará em funcionamento a Central Estadual de Regulação de Leitos para Covid-19, para garantir o fluxo de transferência de pacientes para os Hospitais de Referência. Os Hospitais de Referência estão distribuídos por macrorregião de saúde, sendo o Hospital Clementino Fraga, Santa Izabel e Hospital Municipal de Valentina na primeira Macro, em João Pessoa, que concentrarão essas internações.

Na segunda Macrorregião, o Hospital Pedro I, em Campina Grande; e no Sertão e Alto Sertão, os hospitais Regionais de Cajazeiras, Pombal, Regional de Patos e o Infantil Noaldo Leite, também em Patos, as referências para pacientes internados.

Contudo, Patos vai funcionar apenas como triagem porque não atenderá casos graves que precisem de entubar ou de leito de UTI já que os 9 leitos de UTI que têm respiradores e ventiladores mecânicos já ficam ocupados no dia a dia com outros casos.

 

Vicente Conserva – Portal 40 Graus

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