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Povo da Bolívia vai às urnas e deve encerrar hegemonia da esquerda de quase duas décadas

Os bolivianos decidem neste domingo (15) quem comandará o país nos próximos anos em uma eleição que pode marcar o fim da hegemonia da esquerda, no poder há quase duas décadas com o Movimento ao Socialismo (MAS). Pesquisas de intenção de voto indicam que dois candidatos de direita lideram a corrida presidencial e podem protagonizar um segundo turno inédito na história política recente da Bolívia.

Direita em vantagem

O ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, da aliança Liberdade e Democracia, aparece na dianteira com 23% das intenções de voto, segundo levantamento divulgado na reta final da campanha. Logo atrás está o empresário Samuel Doria Medina, do Unidade Nacional, que soma 18%. Ambos são representantes da direita e tendem a polarizar a disputa caso os números se confirmem nas urnas.

Crise interna no MAS

O nome mais bem posicionado da esquerda é Andrónico Rodríguez, atual presidente do Senado e candidato pela coligação Aliança Popular. Mesmo assim, ele figura apenas em quarto lugar na pesquisa, com 11,4%. Ligado ao MAS, mas afastado das decisões do partido, Rodríguez lançou candidatura independente após o racha entre Evo Morales e o atual presidente Luis Arce.

O MAS, que governa o país desde 2006, vive um enfraquecimento histórico. O partido lançou Eduardo del Castillo, ex-ministro de Arce, que aparece apenas em sexto lugar, com 8,1%, atrás até mesmo de votos brancos e nulos. Além das divisões internas, a legenda enfrenta o desgaste da crise econômica, marcada por hiperinflação, corrupção e problemas no setor energético. A desaprovação do governo de Arce chega a 75%.

A manobra de Evo Morales

Fora da disputa após ser impedido pela Justiça, Evo Morales convocou seus apoiadores a anularem os votos em protesto. A estratégia, no entanto, não tem efeito prático, já que votos nulos ou brancos não anulam o pleito. Analistas apontam que o ex-presidente tenta mostrar força política para negociar sua volta ao cenário eleitoral.

“Evo busca provar que ainda mantém capacidade de mobilização, mesmo impedido de concorrer. Essa tática é uma forma de tentar se reinserir no jogo político boliviano”, avalia Ana Lúcia Lacerda, pesquisadora do Observatório Político Sul-Americano da Uerj.

O que está em jogo

A eleição deste domingo pode redefinir os rumos da política boliviana, que desde 2006 esteve quase sempre sob comando do MAS, com Evo Morales e Luis Arce. Se confirmada a liderança de Quiroga e Medina, a Bolívia deve presenciar um segundo turno entre candidatos de direita, encerrando um ciclo de quase 20 anos de hegemonia da esquerda.

Piancó - LGNET

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