CVN POLITICA

Deputados gastaram R$ 11,6 milhões no 1º semestre com serviço que Câmara já oferece

Deputados federais gastaram no primeiro semestre deste ano R$ 11.680.731,09 com consultoria e pesquisa. Ao todo, 256 parlamentares contrataram empresas ou profissionais externos para realizar trabalhos de consultoria legislativa, pesquisas e assessoria jurídica. O serviço, entretanto, já é oferecido gratuitamente pela Câmara dos Deputados.

O levantamento do Metrópoles, com base no Portal da Transparência da Câmara, mostra que houve aumento de 2,90% em relação ao primeiro semestre de 2020 (R$ 11.350.781,91) e de 9,58% em relação ao mesmo período de 2019 – R$ 10.659.354,71.

O líder de gastos com essa rubrica é o deputado Nivaldo Albuquerque (PTB-AL), com R$ 205 mil, seguido por Gustinho Ribeiro (Solidariedade-SE), com R$ 200 mil, e por Vicentinho Júnior (PL-TO), com R$ 197 mil. A deputada Erika Kokay (PT-DF), que usou R$ 160,9 mil, e o deputado Heitor Freire (PSL-CE), com R$ 148,8 mil, vêm logo atrás.

No entanto, além de a Câmara contar com mais de 200 consultores de diversas áreas, cada deputado tem R$ 111.675,59 por mês à disposição para contratar até 25 assessores parlamentares.

Assessoria

Nivaldo Albuquerque gastou R$ 30 mil em janeiro com um instituto de pesquisa de Maceió, capital de Alagoas, e R$ 25 mil nos meses seguintes com a mesma empresa para a realização de diversas pesquisas nas bases eleitorais. O serviço de pesquisas não é oferecido pela Câmara, mas o Tribunal de Contas da União (TCU) já sinalizou a necessidade de reavaliação desse tipo de gasto com dinheiro público.

Ribeiro contratou um escritório de advocacia “para serviços jurídicos, assessoria parlamentar e assistência direta e imediata ao parlamentar em sua representação política, acompanhamento, junto ao Congresso Nacional dos projetos de lei de interesse dos ministérios e do Executivo”. Ele pagou R$ 32 mil em janeiro, R$ 27 mil em fevereiro, R$ 32 mil entre março e junho e R$ 13 mil em julho.

Vicentinho Júnior contratou uma empresa de gestão administrativa por R$ 25 mil mensais, com exceção de abril, quando pagou R$ 35 mil, e de maio, R$ 30 mil. “Prestação de serviço permanente anual de consultoria e assessoria ao acompanhamento de projetos e convênios”, diz a descrição do serviço.

A deputada Erika Kokay contratou os serviços de uma empresa de pesquisa e estudos de opinião por R$ 24 mil mensais entre janeiro e julho, com exceção de abril, quando não houve lançamento de nota do serviço. Ela também tem o suporte de um escritório advocatício por R$ 3 mil mensais, pagos de março a julho.

A parlamentar também usou os serviços de uma empresa de consultoria e assessoramento político para a produção de um evento virtual, por R$ 800, e um tradutor de libras em duas ocasiões, por R$ 800 e R$ 300.

Já Heitor Freire contratou uma assessoria jurídica por R$ 18 mil mensais entre janeiro e junho e uma assessoria contábil por R$ 20 mil mensais em maio e junho. “Assessoria jurídica para a elaboração de projetos para apresentação junto à Câmara dos Deputados”, diz a descrição dos serviços advocatícios.

Já Heitor Freire contratou uma assessoria jurídica por R$ 18 mil mensais entre janeiro e junho e uma assessoria contábil por R$ 20 mil mensais em maio e junho. “Assessoria jurídica para a elaboração de projetos para apresentação junto à Câmara dos Deputados”, diz a descrição dos serviços advocatícios.

O serviço contábil de maio foi referente ao Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 05/21, que permite a prorrogação por até 15 anos de isenções, incentivos e benefícios fiscais vinculados ao ICMS. O de junho refere-se a assessoria contábil para elaboração de projetos para apresentação na Câmara.

Alerta

Em acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), o ministro Walton Alencar recomenda a redução da cota parlamentar para adequá-la “à razoabilidade, proporcionalidade e economicidade esperadas da administração pública”.

O documento sugere ainda a revisão da pertinência dos gastos com consultorias, assessorias e trabalhos técnicos, tendo em vista que a Câmara fornece tais serviços aos parlamentares e possibilita que cada deputado contrate até 25 assessores.

“Esse cenário sugere a possibilidade de revisão dos valores dispendidos com o ressarcimento a serviços de consultoria e assessoria técnica contratados por parlamentares”, diz.

A cota parlamentar, instituída pelo Ato da Mesa n° 43/09, destina-se a custear gastos exclusivamente vinculados ao exercício do mandato, como passagens aéreas, combustíveis e divulgação da atividade parlamentar, entre outras despesas. Os limites de gastos variam de R$ 35.507,06 a R$ 44.632,46 por mês, a depender do estado do parlamentar.

Outro lado

O Metrópoles tentou contato com os cinco parlamentares citados, mas apenas a deputada Erika Kokay se manifestou.

Por meio da assessoria, a parlamentar justificou os gastos como “fundamentais para o bom desempenho da atividade parlamentar e para o enfrentamento dos inúmeros ataques que temos vivenciado no Brasil contra a democracia, os direitos e a nossa soberania”.

Metrópoles

Piancó - LGNET

Artigos relacionados

DEIXAR UM COMENTÁRIO

Política de moderação de comentários: A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro ou o jornalista responsável por blogs e/ou sites e portais de notícias, inclusive quanto a comentários. Portanto, o jornalista responsável por este Portal de Notícias reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal e/ou familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.
Botão Voltar ao topo