MP junto ao TCU vai pedir apuração contra Hugo Motta por suposta improbidade administrativa no caso das funcionárias fantasmas

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) vai pedir que o TCU apure a conduta do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), por suposto crime e ato de improbidade administrativa na nomeação de três funcionárias fantasmas em seu gabinete.
A informação foi publicada nesta terça-feira (16) pelo jornalista Rodrigo Castro, na coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo. De acordo com o MPTCU, o caso justifica a instauração de uma tomada de contas especial — procedimento que visa responsabilizar administrativamente agentes públicos e determinar a devolução de recursos pagos indevidamente.
A medida vem após a revelação feita pela Folha de S.Paulo, que identificou três servidoras com atividades incompatíveis com o exercício de cargos comissionados na Câmara. Elas foram contratadas como secretárias parlamentares, com carga horária de 40 horas semanais, mas atuavam como fisioterapeuta em clínicas privadas, estudante de medicina em período integral e assistente social na prefeitura de João Pessoa.
Após a denúncia, Motta demitiu duas das três servidoras: Gabriela Pagidis e Monique Magno. A terceira, Louise Lacerda, filha de ex-vereador e sobrinha de ex-prefeito de Conceição (PB), também é alvo da apuração, por ter cursado medicina durante o período em que recebia salário da Câmara.
Segundo o levantamento da Folha, o trio recebeu cerca de R$ 112 mil apenas em 2025, somando salários, auxílios e gratificações. O Ministério Público quer que esse valor seja ressarcido integralmente aos cofres públicos.
A situação de Hugo Motta se agrava com a revelação de que cinco familiares diretos das funcionárias também foram nomeados para seu gabinete em diferentes períodos, compondo uma rede de contratações com vínculos pessoais e familiares, prática que, embora não proibida pela legislação, é alvo de críticas por configurar favorecimento e possível desvio de finalidade.